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  • Foto do escritorGabriela Guedes

Os primeiros sinais de autismo




Gael foi o primeiro em nossa família a ter diagnóstico de autismo e também foi o primeiro a apresentar sinais tão evidentes de algum transtorno.

Logo ao nascer ele apresentou hipoglicemia e sempre que chorava tremia muito. Como pais de primeira viagem acreditávamos que era apenas frio até a pediatra do hospital vir falar conosco. Gael mão conseguia acertar a pega do peito, e mamava muito pouco o insuficiente para ficar saciado e isso obrigou que já saísse do hospital tomando fórmula.

Com o tempo insisti na amamentação mas ele também tomava mamadeira e logo após cumprir um ano ele naturalmente largou o peito e persistiu o uso da mamadeira.

O negócio é que ele não aceitava fazer as transições conforme crescia. Não aceitava mudar de bico, não aceitava outra mamadeira, outro bico conforme o primeiro ia envelhecendo. Isto não nos alardeou, pensamos que era apego já que ele não costumava demonstrar interesse em brinquedos ou brincadeiras. Mas persistimos na tentativa de tirar a mamadeira e quase sempre Gael vencia pela persistência e cansaço.

No momento de introduzir a alimentação, também não tivemos dificuldades, ele aceitava tudo muito bem. Experimentava de tudo- pelo contrário as restrições alimentares para o paladar dele eram minhas- , até os três anos eu não deixei que experimentasse doces, Danones, macarrão instantâneo ou sucos industrializados. Tudo para não estragar seu paladar e não despertar nele a rejeição por alimentos mais saudáveis.

Apesar de tudo ele tinha preferências em relação as frutas, só banana e de vez em quando laranja, mas todas as outras não despertavam seu interesse independente da forma que fossem apresentadas para ele. No entanto, ganhava peso e crescia, estava atingindo todos os marcos de crescimento.

Conforme foi crescendo, a seletividade por certos alimentos evidenciaram, e isso começou a me alertar da necessidade de que precisava levar isso a pediatra na época mas sem muito pânico, afinal, todos temos preferências alimentares. Apesar disso, houveram alimentos que ele experimentou, comia e depois passou a não querer mais. Batata-doce e laranja foram alguns deles e então, passou a vir a rejeição por alimentos que se quer havia experimentado, desistia só pela aparência ou só por não conhecer o alimento. Ainda assim, resistia em mudar, abandonar ou transacionar da mamadeira. Mesmo já comendo alimentos sólidos não conseguia desapegar dela.

Gael também não gostava de ficar de meia, sempre as tiravas e posteriormente o mesmo acontecia com chinelos e sapatos(perdemos alguns na rua por isso). Andou tarde, apesar de ficar de pé durinho no tempo certo e sentar dentro do esperado. Ao aprender a caminhar, andou por um tempo nas pontas do pés.

Mas o sinal ficou vermelho para nós, quando ele foi pra creche pública e notamos claramente que existia o atraso de fala. Gael começou a falar algumas palavras e alguns comandos mas em número muito menor que outros de sua idade. Por ter um sobrinho com meses de diferença, conseguíamos ver a diferença também, mas :" não fique ansiosa, cada um tem seu tempo" foi o que ouvi da pediatra quando apontei esse atraso na consulta de rotina. Depois de um tempo, houve a total perda de vocabulário, ele não somente parou de aprender palavras e também deixou de falar as que já sabia, até mesmo sobre o desfralde que já avisava.

Em alguns momentos do cotidiano, também nos ignorava, quando chamávamos na tentativa de ter sua atenção. Gostava de se aventurar e sair correndo em qualquer lugar sem critério, e na creche teve uma adaptação muito difícil, além de não se enturmar e não brincar com outras crianças queria sempre estar próximo da professora.

Aliás foi na festa junina da escola em que ele não quis brincar com os amiguinhos e nem respondia aos chamados deles que percebemos o quanto ele era indiferente à eles. A reação ao barulho, e o fato de querer estar sempre no colo ao invés de ir brincar como outras crianças. E foi então, que decidimos que buscaríamos por um neuropediatra mesmo contrariando a profissional que o acompanhava.

Eu sabia quase nada sobre autismo. O que me preocupava era dele apresentar Anemia Falciforme como um primo de primeiro grau meu têm, ou asma como meu sobrinho também apresenta com crises tão fortes de ficar internado por longos períodos, como nada disso havia sido detectado para mim estava tudo ok!. Mesmo assim, uma das brincadeiras que eu mais fazia com ele era brincar de olhar nos olhos aproximando o nariz dele com o meu. E mais uma vez ele correspondia, também gostava de abraço e beijos e adorava brincar com brinquedos que tinham luzes, piscavam e faziam barulho, até aí nada que evidenciasse uma característica no meu limitado conhecimento até então.

Estes foram alguns pontos que levamos o primeiro neuro que nos consultamos e saímos de lá com a hipótese diagnóstica para Transtorno do Espectro Autista e mais um leque de exames para fazer. Embora tenha ficado impactada neste momento, decidi que levaria a outro profissional para ter uma segunda opinião que posteriormente foi confirmado por mais dois especialistas. E neste processo, eu também já estava levando ele para acompanhamento semanal com uma fonoaudióloga e com uma psicóloga.

É preciso estar atenta aos sinais que nossos filhos apresentam conforme crescem em qualquer que seja o caso. Não importa que seja uma impressão sua, que pessoas te digam que você está exagerando, que profissionais não te escutem e ignorem suas observações. Teu filho poderá ser atendido por vários profissionais mas terá apenas você como mãe e apoio para avida toda. Estude, questione, procure o número de profissionais necessários até encontrar algum em que sinta confiança se essa for sua possibilidade. Caso o seu não seja esse, estude ainda mais para não cair na lábia de médicos não confiáveis ou de pessoas más intencionadas; seja você a verdadeira heroína do seu filho.





















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